16 de jun. de 2010

Novas descobertas!!

Quando cheguei em Buenos Aires em março havia uma nova moradora na casa, uma austríaca chamada Martina. A amizade chegou logo, afinal ela é muito divertida, preocupada em ajudar os outros, coisas que se percebem em pouco tempo. Ela estuda ciências políticas e veio fazer uma pesquisa pra tua dissertação de mestrado que será sobre as Mães da Praça de Maio.

Agora que é sua última semana aqui, está tendo uma intensa “programação” de entrevistas e visitas a diferentes vilas, conhecendo projetos sociais. Através das coisas que ela conta, pude descobrir um pouco de uma Buenos Aires que nunca teria acesso, seja como turista ou como moradora da capital, afinal somente se pode chegar nessas vilas com algum morador do lugar te “escoltando”.

Hoje me mostrou um livro, chamado “Ojos y vocês de la isla” (Olhos e vozes da ilha) que é resultado de uma série de oficinas sobre jornalismo e fotografia que aconteceram na Ilha Maciel, que está a 15 minutos do centro da cidade, próximo ao turístico bairro de La Boca (onde fica o Caminito), apenas atravessando o Riachuelo, rio que banha Buenos Aires.

O livro é um compilado de fotos e textos feitos pelos jovens moradores da ilha, onde contam a triste realidade em que vivem. Deixo aqui trechos de um texto que resume muito bem o dia-a-dia dos jovens daí e me fez lembrar as favelas que também temos:

“Vivir em La isla Maciel

Nosotros, los que vivimos acá, sabemos quién es quién: quien roba, trabaja o vende droga. Pero no es facil. La isla cada año se cierra más. Antes los turistas entraban. Ahora nos miran de lejos.

…la vida de los jóvenes carece de sentido. De lunes a lunes, siempre es lo mismo. Se levantan a las 11, desayunan pan con mate, se sientan adelante hasta que les agarra hambre, almuerzan un guiso, duermen, vuelven a comer y salen durante toda la noche.

…A pesar de todo esto, tengo un sueño: que la isla vuelva a ser como antes, cuando nuestros familiares y amigos podían entrar y salir sin que tengamos que hacerles una custodia personal.”

Traduzido:

“Viver na Ilha Maciel

Nós que vivemos aqui, sabemos quem é quem: quem rouba, trabalha ou vende droga. Mas não é fácil. A ilha a cada ano se fecha mais. Antes os turistas entravam. Agora no olham à distância.

...a vida dos jovens não tem sentido. De segunda a segunda, é sempre o mesmo. Se levantam as 11h, tomam café da manhã com pão e chimarrão, sentam-se na frente de casa até que tenham fome de novo, almoçam guizado, dormem, voltam a comer e saem durante toda a noite.

...Apesar de tudo isto, tenho um sonho: que a ilha volte a ser como era antes, quando nossos familiares e amigos podiam entrar e sair sem que tenhamos que fazer um escolta pessoal à eles.”

2 comentários:

  1. Bah Ziza, quanta coisa foge ao nosso alcance de observação. Como é importante enxergar o que não está na mídia somente. Tem muito mais coisas acontecendo do que podemos imaginar.

    Um beijo! E segue fazendo várias descobertas e nos contando!

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  2. beijos para Martina, acho que conheco ela. mas tbm acho que ela é Suiza. Ela é especialista nas maes de praça de maio, e sobre economia social. TRabalhaba numa universidade da Suiza. Ja tem vindo a Buenos Aires desde faz alguns anos atras

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